quarta-feira, 13 de julho de 2011

Rumo ao Reino Unido, a viagem


Finalmente aqui estou, sentado na confortável poltrona do meu quarto escrevendo para vocês. Do lado de fora vejo as montanhas, repletas de belas árvores e um clima ameno que me faz ter certeza que cheguei ao meu destino. Antes de falar da viagem, devo dizer que esse lugar é fantástico e minha vida aqui será radicalmente diferente da que eu vivia em Fortaleza, isso deve gerar algumas dificuldades no começo, principalmente com a comunicação e a vida coletiva que dificilmente vivemos na cidade. Mas sem problemas, não tenho nada a perder, posso pagar uns micos aqui e ali, ficar sem entender uma piada ou outra, mas tenho certeza que será questão de tempo.
Viajei na segunda-feira a noite com minha família me levando ao aeroporto, uma despedida muito alegre como bem deve ser. Logo na fila para checar o passaporte a primeira surpresa, ao meu lado estava Rômulo, jogador de futebol e atacante que jogou no Ceará e no Fortaleza há uns anos atrás, estava indo pra Portugal levando um garoto de uns 17 anos. Sentei na sala de embarque esperando a chamada do voo que chegou rápido, fui um dos primeiro a entrar.

Cheguei ao meu assento, no corredor, deixei minha mala de mão e fui ao banheiro, quando voltei meu colega de viagem estava se posicionando, devia ter uns 28 anos e com certeza era Europeu, creio que alemão, desses com cara de mal com cavanhaque e tudo, não trocamos uma palavra, a maior interação que tivemos foi quando senti algumas manifestações digestórias no ar durante a viagem, não é pra menos, o cara só se levantou uma vez em todo trajeto e foi no fim do voo.

A poltrona era pequena e ficava menor ainda com o super braço germânico ocupando todo o apoio. Não consegui dormir durante as 6 horas, fiquei me distraindo com os filmes e joguinhos do monitor de entretenimento da TAP. Sempre me levantava para alongar o corpo, dava uma andada e voltava pra poltrona, não gosto de ficar sentado por muito tempo. A viagem até Lisboa foi sem problemas e adorei ver a capital lusa de cima durante a aterrisagem. O avião parou e os passageiros desceram pra pegar o ônibus que levaria ao terminal, o que gerou o seguinte comentário de um cearense atrás de mim quando coversava com uma jovem tentando mostrar desenvoltura e sofisticação: “Égua, pegar o busão, quando eu chegar em Fortaleza vão perguntar qual foi a primeira coisa que fiz ao chegar na Europa e vou ter que dizer que foi pegar o busão (risos)”. Isso sem contar com os comentários sobre as roupas dos passageiros europeus presentes no voo com tom de gozação, como se ninguém soubesse português e quem soubesse iria rir junto com ele. Que lástima.

Cheguei na fila do passaporte, estava imensa e demorou um pouco até chegar no guichê, um fato curioso foi que na mesma hora chegou um voo de Senegal e a fila ficou repleta de africanos usando suas roupas típicas, cada um mais diferente que o outro, gostaria de dar detalhes mas meu vocabulário sobre vestuário não é muito abrangente, mas pense em algo que dá vontade de pedir pra tirar uma foto, mas não quis cometer essa indelicadeza que poderia soar bem pior do que eu imaginava.

Não me senti bem no aeroporto de Lisboa, não gostei do tratamento dos portugueses, sempre muito grossos e impacientes, com raras exceções. Teve uma funcionária do aeroporto que cheguei educadamente perguntando onde era o lugar que eu procurava e ela respondeu bem arrogantemente apontando sem se quer levantar a cabeça e olhar pra mim: “Não sei, tem que ver lá!”. Cheguei a achar engraçado e sai rindo discretamente.

O voo para Londres estava repleto de brasileiros, havia um grande grupo de católicos fazendo uma peregrinação pela Europa, a maioria de idade avançada, isso fez com que o trajeto parecesse um voo doméstico brasileiro comandado por potugueses (TAP). Dessa vez fui na janela e finalmente consegui dormir, coloquei meus óculos escuros, tirei meus tênis e mandei ver, só parei para comer. O avião já tinha começado a descer quando acordei com uma forte pressão no ouvido direito, tentei engolir saliva para tentar aliviar (sempre funciona) mas nada aconteceu, a pressão começava a aumentar, na medida em que o avião descia a dor ia ficando mais insuportável, comecei a temer que algo acontecesse, pois estava com uma dor desesperadora, comecei a cogitar a possibilidade de chamar a aeromoça, mas tentei aguentar, comecei a rezar forte, Londres ia aparecendo e minha visão ia escurecendo de dor, comecei a transpirar de leve, acreditava que era só o avião descer um pouco e melhoraria, mentalizei e implorei para que aquilo passasse e felizmente passou, que grande alívio, foi como se alguém tivesse tirado uma bola de baseball de dentro do meu sistema auditivo.

Finalmente eu estava no Reino Unido e finalmente deixaria de ouvir português, bom quando você quer aprender, mas não quando você é um brasileiro de 19 anos sozinho tendo que passar por uma das imigrações mais meticulosas do planeta e entender cada lugar que se deve ir para finalizar toda a burocracia em menos de 1 hora e meia, sabendo da fama de pontualidade dos ingleses, é digital aqui, passaporte lá, foto pra cá, fomulário pra já etc. Passei um sufoco de chegar suando e agradecendo a Deus no avião, mas isso só contarei no próximo post. Abraço a todos!

3 comentários:

  1. É nóis que voa. Bora Bahêa!

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  2. Só para deixar a gente na maior curiosidade Léo! Ah Nem... Beijinhos...

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  3. Esses portugueses são assim mesmo,ainda acham que somos aqueles desterrados que eles mandavam pra cá no seculo XVI

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