quinta-feira, 28 de julho de 2011

Chegada em Edimburgo


Após o pequeno sufoco de Londres, finalmente eu estava a caminho de Edimburgo, já percebendo o nível de isolamento cultural em relação aos outros passageiros, pois dessa vez não haviam mais brasileiros à vista. Aliviado em função do episódio passado, dormi tranquilo com a cabeça encostada na janela e o conforto de não ter ninguém nas duas poltronas ao lado. Nesse momento eu já estava implorando por um banho, uma comida de verdade e finalmente uma cama para ressuscitar depois de uma longa hibernação.

Do alto do avião já se podia perceber os acidentes geográficos sempre presentes no território Escocês, isso quando o acúmulo de nuves não impedia a visão, o céu da grã-bretanha parece a casa das nuvens, como se aqui elas se encontrassem e se reproduzissem para viajar às outras partes do planeta. Daí a fama do céu cinzento e da garoa constante. O dia 12 de julho estava bonito, claro, como bem deve ser no verão, mas eu já podia perceber a diferença de ares em relação ao nordeste do Brasil.

Cheguei em Edimburgo na tarde deste dia com a missão de primeiro pegar minhas duas malas e ter a certeza de que não foram extraviadas e contactar de qualquer forma Guilherme, o brasileiro que me buscaria no aeroporto, pois precisava avisar que cheguei 4 horas antes do previsto, isso porque calculei fuso-horário em cima do horário exposto em minha passagem sem me atentar de que já estava convertido.

Sai do avião e segui o fluxo dos passageiros até chegar à esteira das malas, onde parei para esperar as bagagens junto com os outros, o tempo ia passando e nada de minhas malas aparecerem, a esteira ficava cada vez mais vazia e minha cabeça mais cheia de preocupação, será que depois de toda a luta até aqui, eu precisaria procurar a TAP e começar a burocracia das malas? Passaram-se mais de 1 hora e meia e nada das malas aparecerem, rodei o aeroporto em busca da companhia aérea sem sucesso, resolvi voltar para as esteiras onde a tripulação de outros voos já se movimentavam.

Sentei desolado, fechei os olhos e comecei a meditar comigo mesmo respirando fundo, não porque não sabia o que fazer, mas porque todas as necessidades de meu corpo estavam no vermelho. Eu ainda não sabia como contactar Guilherme, pois não tive sucesso com o telefone público e não sabia como trocar meu dinheiro pois ninguém queria trocar 50 pounds, assim eu não tinha as malditas moedinhas de que tanto precisava.

Levantei e caminhei devagar movido pela esperança de que as malas iam aparecer, olhei para a minha direita e notei que havia outro setor com outra esteira, mesmo sabendo que aquela outra não era do meu voo, caminhei até lá meio sem propósito, e quando cheguei, um funcionário do aeroporto estava analisando duas malas, uma grande azul e uma média preta, eram minhas malas. “Finalmente!”, gritei aliviado, o funcionário do aeroporto se desculpou pelo erro da esteira, mas eu mal conseguia ouvir de tanta alegria. Eu sou mesmo muito sortudo, de todo o avião, minhas malas foram as únicas colocadas numa esteira errada, em alguns momentos acho que é algum tipo de teste, um reality show, sei lá.

Agora tinha que conseguir as malditas moedas, fui perguntando onde eu poderia trocar meu dinheiro e uma mulher mandou eu ir numa casa de câmbio, não sabia se lá eles trocariam meu dinheiro mas não custava nada tentar. Cheguei no caixa e expliquei a situação lentamente pra moça, acho que ela ficou um pouco sensibilizada, pegou meus 50 pounds e trocou me dando várias moedas de 1 pound. Mais uma etapa superada, agora tinha que escolher o meio de comunicação, tentei usar o telefone público, agora com as moedas, em vão, a chamada nunca dava certo, acabei gastando 1 pound.

Minha última opção era a internet, o aeroporto tinha uns computadores espalhados, mas a maioria estavam ocupados, esperei até algum aparecer livre até que finalmente consegui, sentei animado na cadeira, li tudo que tinha na minha frente pra não fazer besteira e não perder mais dinheiro, coloquei uma moeda e plim! Você tem 10 minutos de internet! Entrei no Facebook quase tremendo as mãos, mandei mensagem pro Guilherme e por sorte ele me respondeu na hora dizendo que sairia do Camphill em 20 minutos. Aproveitei meus 5 minutos restantes de internet pra postar algo dizendo que havia chegado e sentei de novo, agora tranquilo e feliz por tudo ter dado certo.

Não gostava de ficar dentro do aero, era mais divertido ficar lá fora sentindo aquele clima ameno e as pessoas circulando, um bom entretenimento pra minha vista, estava muito feliz e convicto de que agora sim havia chegado, fraco, com fome, sujo, cansado, mas com uma ótima sensação de vitória. Pouco mais de uma hora depois Guilherme apareceu e me levou até o carro onde Tânia, uma co-worker alemã também estava com ele. Bagagem guardada e pé nas estrada, próxima parada, Corbenic, minha nova casa.

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