quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A ilusão do secularismo

Às vezes fico impressionado sobre como minha geração trata a religião e os incentivos espirituais que permeiam a formação e a manutenção de uma cultura. O processo de laicização da sociedade, sido iniciado pelas ideias iluministas, e conduzido pelos adoradores do Estado moderno, mais especialmente os maçons, que sempre estiveram em posição de diminuir a autoridade da Igreja como reguladora das relações humanas, colocou nossa civilização em um estado de confusão espiritual sem precedentes, um mundo paralelo onde o cristianismo é só mais uma mera religião.

Há poucos dias vi algúem compartilhando no Facebook um abaixo assinado para que religiosos fossem proibidos de se candidatar a cargos públicos na política. O absurdo nem é tão grande pela falta de apreço pela liberdade dessa juventude anti-religião, mas a ilusão de que o mundo não se sustenta em crenças espirituais, de que tudo está no Estado e na ciência, como se tudo fosse relativo, o bem e o mal, o certo e o errado, tudo é construção social e o conservador é um inimigo do incontestável progresso da civilização.

Ora, o que vejo nessa geração não é um processo de libertação, mas sim uma outra opção de servidão, a servidão das ideias frouxas que mudam do dia para a noite, que não sobrevivem ao tempo, que estão sempre em mutação, não uma mutação lenta e salutar, mas uma mutação confusa e prejudicial para qualquer mente que busca um certo equilíbrio. Esta juventude que não crê em algo além desta vida, coloca todas as suas esperanças de um mundo melhor no aqui e no agora, é um exército de pessoas insatisfeitas, sedentas por prazeres mundanos que não os levam a lugar algum.

Não é de se estranhar que a diminuição do poder da Igreja no mundo ocidental está diretamente ligado ao aumento do poder do Estado e à formação de uma aristocracia seleta que se alterna no poder. Os pobres iludidos “jovens do povo” acham que vão assumir o poder com a democracia e a luta em favor dos pobres, uma baita ilusão, o máximo que vão conseguir será formar uma nova elite, tão déspota e concentradora como a anterior.

Mesmo com a ascensão do estado laico, o cristianismo ainda está presente no subconsciente dos ocidentais, esta religião, que construiu nossa civilização e abriu as portas para o desenvolvimento humano desde a queda do Império Romano, permeia nossa leis, nossos costumes, nossos relacionamentos, nossos planos de vida, e inclusive nossas pequenas decisões do dia-a-dia. Ser contra religião não é ser a favor da neutralização da política, é apenas ser a favor de outras ideias que não suportam as ideias religiosas e se utilizam da carcaça estatal para ocupar seu espaço e suprimir a liberdade em prol de seus próprios interesses.