segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Camphill

Voltei! E agora com boas notícias, finalmente toda a burocracia está pronta, comprei minha passagem e deixarei o Brasil dia 11 de Julho as 19:55, partindo do Aeroporto Pinto Martins em Fortaleza com destino a Lisboa (Portugal), ficarei esperando 3 horas na sala de embarque até voar com novo destino, dessa vez Londres (Inglaterra), onde ficarei esperando mais algumas horas até o vôo final rumo a Edimburgo, capital da Escócia, chegando as 15:50 do dia 12 (horário de Brasília). Portando, faltam apenas 42 dias, logo começarei a arrumar a mala, ainda tenho alguns check-ups médicos e pretendo tirar carteira de motorista internacional.


Mas vamos ao que interessa, afinal de contas, está na hora de explicar melhor o que é o Camphill e por que eu me atraí por este tipo de trabalho. Pois bem, para você que não está acompanhando o blog, no post anterior eu falei como tudo aconteceu, expliquei qual era minha situação e o que me levou a escolha de trabalhar como voluntário no exterior, portanto vamos continuando.


O Camphill é uma iniciativa social inspirada na Antroposofia, uma filosofia erigida pelo austríaco Rudolf Steiner (foto), ele defendia que a Antroposofia, também chamada de “ciência espiritual” era "um caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano ao espiritual do universo.", o objetivo do antropósofo é tornar-se "mais humano", ao aumentar sua consciência e deliberar sobre seus pensamentos e ações; ou seja, tornar-se um ser "espiritualmente livre". Em 1939, 14 anos após a morte de Steiner, o também austríaco Karl Konig fundou a primeira Comunidade Camphill, próxima a cidade de Aberdeen (terceira maior da Escócia e perto de onde ficarei), dando início a um movimento que iria alcançar diversos pontos da Europa, América do Norte, África e Ásia, distribuído em dezenas de comunidades.


“Cada comunidade é diferente. Algumas são grandes, algumas são pequenas. Algumas estão nas cidades, algumas estão em silenciosas áreas rurais, algumas estão na periferia urbana da cidade. Algumas são de iniciativas independentes, outras fazem parte de instituições de caridade maior.

Todos praticam caridade, compartilham suas vidas, a contribuição para a vivência comunitária de cada pessoa é valorizada. Todos são apreciados pelas suas individualidades, tendo ou não necessidades especiais.

A filosofia Camphill é que não importa o que a deficiência aparente de alguém possa gerar, pois sabemos que o espírito - o núcleo essencial que nos humaniza - sempre prevalece e permanece intacto. Então todos merecem igual respeito e oportunidades na vida, para que possam desenvolver seu potencial independente de qualquer preconceito e/ou deficiência.”

A filosofia e o estilo de vida do Camphill são admiráveis, uma vida de desprendimento material, busca de paz interior, caridade, trabalho em grupo e pratica dos maiores valores cristãos, respeito ao próximo, tolerância, entrega, paciência, humildade. Algo que caiu como uma luva em minha vida, pois mais do que nunca, estou procurando um aperfeiçoamento moral e espiritual, e sendo isso em outro país, ou melhor, na Europa, juntam todos os meus desejos atuais, parece que isso foi algo enviado por Deus, por isso agradeço muito a ele e pretendo aproveitar intensamente cada minuto que me for oferecido para a pratica de meus valores e virtudes.

A verdade é que no atual momento estou indo à Europa trabalhar como voluntário numa instituição de caridade, e apesar de toda informação que tenho, estou pegando um avião rumo ao desconhecido, pois não passo de um jovem brasileiro de classe média criado em uma capital provinciana e que mal pisou em solo estrangeiro, principalmente sem o amparo de parentes por perto. Não quero voltar a morar em Fortaleza, quero vida nova, cultura nova, portanto o futuro é incerto.

Não sei o que me aguarda, não digo isso para os próximos meses, mas sim para os próximos anos, estou arrumando a mala para atravessar uma névoa que jamais atravessei, mas sempre quis atravessar, a procura de lugares que só vi na TV, nos filmes, nos livros. Não tenho medo, meu espírito busca liberdade, busca vida, busca os desafios, as batalhas, algo me conduz, algo me convence que devo alçar as velas e caminhar, e sei que nos momentos de solidão, estarei com Deus ao meu lado, pois ele sabe que estou a disposição dele, e farei de tudo para merecer sua luz quando estiver atravessando os cantos mais obscuros de minha jornada.

A vida sem desafios, sem sofrimento, a vida de ócio e de contemplação não é nada, por isso busco as provas, busco o crescimento, a maturação, busco aumentar minhas forças, progredir o espírito, para que após muito suor, os momentos de descanso me mostrem o real caminho da felicidade, pois só desfrutamos dos gozos da alma após árduo trabalho, após a fadiga das dificuldades.

No próximo post escreverei o porquê de escolher o Corbenic e a Escócia, falta pouco, fiquem comigo! (Para acessar o website do movimento Camphill no Reino Unido e País de Gales basta dar uma olhada no final do Post 01 desta série). A seguir algumas imagens de Camphills pelo mundo.


Camphill para Crianças


Comunidade


Trabalhos domésticos em grupo


Padaria


Jardinagem

4 comentários:

  1. Carla Castelo Branco4 de junho de 2011 às 14:16

    Nossa, que bacana! To simplesmente encantada com teu texto e com o que você procura nessa viagem! Poucas pessoas tem a coragem que você esta tendo agora. Não tenho duvidas que toda experiência vai torna-lo uma pessoa muito mais admirável, já te admiro desde agora! Boa sorte nessa sua experiência, torço pra que ela traga todas suas expectativas e que você aprenda com cada momento lá!

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  2. Obrigado Carla! Fico muito feliz, espero que essa experiência me ajude a crescer e a me tornar um humano cada dia melhor. Vou continuar escrevendo, não deixa de acompanhar o blog! :)

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  3. Adorei, Leo! Já tinha uma noção do que você procurava e agora entendi claramente. Poxa, tomara mesmo que tudo dê certo pra vc! O que vc ta fazendo requer uma coragem enorme e só o fato de vc tê-la já me adianta que a seu caminho vai ser muuuito "iluminado".
    Mudar um simples passo da nossa rotina já requer uma força (por menor que seja), que dirá sair de um mundo (provinciano) que é essa Fortaleza. Isso de rumar ao desconhecido e não ter certeza do que vão ser seus próximos anos pode ser ótimo, pq vc não tem nada a se prender, a não ser a você mesmo, seus valores e ideais. Desse jeito você vai longe e eu só te desejo o melhor!

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  4. Obrigado Sasha, essa situação é realmente interessante, fico feliz que seja otimista junto a mim para o que está por vir! :)

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