quinta-feira, 5 de maio de 2011

Navegar é preciso


Desde muito novo o gosto pela aventura e exploração me fascinavam, era uma alegria poder me desvencilhar de meus pais, driblar professores e chegar em cantos desconhecidos, viver algo diferente a cada dia, não precisava ser algo super atrativo, nem inesquecível, mas simplesmente novo, poderia ser uma casa abandonada, uma rua deserta, alguém interessante. O certo é que sempre senti uma pulsão, que me conduzia ao desconhecido, como se fosse uma necessidade, um alimento à insaciável fome do espírito.

O tempo foi passando e os desejos pequenos da infância, como ir sozinho à padaria, pagar uma conta para o meu pai na farmácia, pegar o primeiro ônibus, foram crescendo, algo natural, pois superando pequenos desafios é que projetamos maiores para o futuro, e assim marchamos no gradual crescimento da vida. Eis que comecei a conhecer minha cidade, bairros que não tinha ido, histórias que até então estavam distantes, inúmeras foram as vezes que peguei a linha de ônibus “Grande Circular” só para passar a tarde apreciando a cidade de ponta a ponta, desde os lugares mais abandonados e pobres, até os mais valorizados.

Isso quando a única opção era ficar na cidade ou visitar as praias próximas, mas nada me agitava mais do que uma viagem para outra cidade ou estado, por mais perto que fosse. A alegria era inabalável, pois aqueles olhos que se contentavam com pequenos detalhes diferentes em sua própria morada, agora poderiam entrar em deleite sobre outra cultura, clima, história. Assim, todos os movimentos que envolviam este evento eram feitos com muito gáudio, desde a preparação das malas, passando pela contemplação das paisagens, até os principais objetivos turísticos.
Na escola, minha matéria preferida, irrefutavelmente era a Geografia, principalmente quando os assuntos eram voltados à cartografia (estudo dos mapas), analisar o mapa-múndi no livro, bem ali, na minha frente, passando a mão em cima de lugares a milhares de quilômetros da sala de aula era uma sensação que somente eu conhecia. Focava meu olhar no livro, fechava meu mundo todo ali, e partia com minha opulente caravela pelos sete mares, enfrentando chuva, vento, frio, calor, e todas as intempéries que um grande navegador deve enfrentar. Chegava a países de bárbaros que se curvavam aos meus conhecimentos, como também encontrava nações soberanas onde eu era capturado e observado pelos seus cientistas. E depois disso tudo, ainda gozava da glorificada volta para casa, onde poderia contar por onde andei e compartilhar tudo que trouxe entre meus semelhantes. Tudo ali, sentado, quieto em minha carteira. Tirar nota máxima na prova de Geografia era natural, pena que não posso dizer o mesmo das provas de Matemática.

Em minha adolescência conheci vários cantos do Brasil, principalmente em viagens de carro, cruzei o nordeste em 2007, passando e me hospedando em cidades como Natal, João Pessoa, Recife e algumas do interior. Também fiz uma grande viagem com meu pai até São Paulo, quando passamos por Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Goiás e Minas. Nosso país é grande, e ainda pretendo explorar bastante ele, mas terei que fazer isso em breve, dependendo somente de mim, e farei. Inclusive fiz uma promessa comigo mesmo de conhecer todas as capitais de meu país enquanto vivo.
Em 2008 visitei Orlando, nos EUA, algo que aconteceu por acaso, numa promoção de passagens encontrada por um tio, e quando menos esperava, eu estava conhecendo a Disney, algo que é sonho de muita gente e que nem passava pela minha cabeça acontecer, pois apesar de ser fã dos filmes e ter aquela forte influência desde a infância, sempre tive preferência por lugares exóticos e sem tantas informações. Mas o certo é que valeu, foi uma viagem que não vou esquecer, até porque foi a primeira ao exterior. Fiquei encantado ao conhecer de perto um país de primeiro mundo, a educação, a organização, o retrato de uma história de desenvolvimento gloriosa, o topo das civilizações humanas, nisso, tenho que apreciar a América do Norte.
Outros países, sim, esse é o objetivo maior, o sonho da maioria, e se tratando deste tipo de maioria, bom, não posso negar que faço parte dela. E faço parte não de hoje, mas sim desde pirralho, viver, morar, sentir outros lugares deste planeta, não só visitar como fiz em Orlando, e sim enraizar, absorver, aprender, crescer. Mas como eu conseguiria? Por quais meios? Por onde começar? O que fazer? Bom, devo adiantar a vocês que estou prestes a conseguir realizar este velho sonho. E é com este texto que abrirei a série de posts “Descobrindo as Highlands”, onde contarei tudo, na medida do possível, sobre minha aventura que começara em Julho pelo velho continente.
Convido você a acompanhar este blog pelos próximos meses, o que você vai ler? Eu não tenho a mínima idéia, mas posso garantir que algo bom deve sair, pois todo desconhecido, traz novidades, e todas as novidades alimentam a alma e despertam os sentimentos mais salubres. No primeiro post sobre a viagem, falarei o que vou fazer lá, onde ficarei, como foi o processo, e tudo que tiver relevância, no vídeo abaixo deixarei uma palhinha do que vem por ai. Portanto, até logo!

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