sábado, 26 de dezembro de 2015

Habilidade de esquecer

Interessante como vamos mudando e desenvolvendo novas formas de lidar com a vida. Interessante como, ao passar do tempo, conseguimos superar melhor as quedas e as decepções, assim como recanalizar nossas energias. Parece que temos cada vez mais controle sobre nós mesmos, mesmo que ainda sejamos pequenos e vulneráveis. E como isso é bom, quanto mais forte ficamos, mais livres nos tornamos. Deveríamos ser gratos por todas as nossas quedas, pois apesar de tudo, algo maior existe além desta vida.

Saber que não existe mal que dure pra sempre é um preceito alicerce para compreender os movimentos da vida. Problemas não devem ser ignorados é claro, eles devem ser explorados e superados, como uma questão difícil de matemática, talvez você ainda não consiga resolvê-la, então você deixa ela por um tempo para lidar com algo mais fácil e mais ao seu alcance, mas em algum momento você será capaz de voltar a ela para resolvê-la com efetividade.

Poucas sensações são melhores do que perceber que você não é tão vulnerável como foi um dia, que o mundo pode lhe sobrecarregar um pouco, mas que diferentemente da situação passada, você tem condições de manejar a questão e encontrar soluções. Como diz aquela velha frase norte-americana, “Freedom is not Free”, e como diria Roger Scruton, “A felicidade requer sacrifício”. Talvez Ayn Rand discordaria desse negócio de “sacrifício”, mas neste ponto me inclino a concordar com Scruton.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Um Natal para o belo


Desde que minha avó faleceu há alguns anos, o Natal nunca foi o mesmo. A família agora celebra separadamente, sempre com algum lugar matriz, mas que não representa aquela realidade que se outrora. Por um lado perdeu-se os festejos familiares, por outro ganhou-se o silêncio e a paz que também me fazem refletir sobre esta data.

O Natal, o dia 25 em especial, parece conter uma energia especial, que transcende quaisquer problemas que afetem esta humanidade, a paz de espírito se torna presente, algo acontece. É um dia para se desligar dos fardos terrenos e respirar o que a divindade nos trás de melhor, alimentar os bons sentimentos e contemplar o belo. Cá estou eu apreciando a música barroca do português João Rodrigues Esteves, belíssima por sinal. Faz-me lembrar as velhas cidades da Europa.

Gosto de ficar sentado em meu quarto, ouvindo a música, observando os detalhes de meu limitado mundo e tentando expandi-lo com a imaginação e todas as faculdades que o criador me deu. Sigo com minhas leituras, penso em lugares belos, pessoas honradas, a arte com bom gosto que foge dos vacilos da pós-modernidade. Às vezes é bom trazer um pouquinho de céu para nossa Terra, mas não se pode exceder a dose, pois a vida é aqui e agora, o céu vem depois. Um Feliz Natal a todos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A ilusão do secularismo

Às vezes fico impressionado sobre como minha geração trata a religião e os incentivos espirituais que permeiam a formação e a manutenção de uma cultura. O processo de laicização da sociedade, sido iniciado pelas ideias iluministas, e conduzido pelos adoradores do Estado moderno, mais especialmente os maçons, que sempre estiveram em posição de diminuir a autoridade da Igreja como reguladora das relações humanas, colocou nossa civilização em um estado de confusão espiritual sem precedentes, um mundo paralelo onde o cristianismo é só mais uma mera religião.

Há poucos dias vi algúem compartilhando no Facebook um abaixo assinado para que religiosos fossem proibidos de se candidatar a cargos públicos na política. O absurdo nem é tão grande pela falta de apreço pela liberdade dessa juventude anti-religião, mas a ilusão de que o mundo não se sustenta em crenças espirituais, de que tudo está no Estado e na ciência, como se tudo fosse relativo, o bem e o mal, o certo e o errado, tudo é construção social e o conservador é um inimigo do incontestável progresso da civilização.

Ora, o que vejo nessa geração não é um processo de libertação, mas sim uma outra opção de servidão, a servidão das ideias frouxas que mudam do dia para a noite, que não sobrevivem ao tempo, que estão sempre em mutação, não uma mutação lenta e salutar, mas uma mutação confusa e prejudicial para qualquer mente que busca um certo equilíbrio. Esta juventude que não crê em algo além desta vida, coloca todas as suas esperanças de um mundo melhor no aqui e no agora, é um exército de pessoas insatisfeitas, sedentas por prazeres mundanos que não os levam a lugar algum.

Não é de se estranhar que a diminuição do poder da Igreja no mundo ocidental está diretamente ligado ao aumento do poder do Estado e à formação de uma aristocracia seleta que se alterna no poder. Os pobres iludidos “jovens do povo” acham que vão assumir o poder com a democracia e a luta em favor dos pobres, uma baita ilusão, o máximo que vão conseguir será formar uma nova elite, tão déspota e concentradora como a anterior.

Mesmo com a ascensão do estado laico, o cristianismo ainda está presente no subconsciente dos ocidentais, esta religião, que construiu nossa civilização e abriu as portas para o desenvolvimento humano desde a queda do Império Romano, permeia nossa leis, nossos costumes, nossos relacionamentos, nossos planos de vida, e inclusive nossas pequenas decisões do dia-a-dia. Ser contra religião não é ser a favor da neutralização da política, é apenas ser a favor de outras ideias que não suportam as ideias religiosas e se utilizam da carcaça estatal para ocupar seu espaço e suprimir a liberdade em prol de seus próprios interesses.

sábado, 22 de agosto de 2015

Politicamente correto

Francis permanecia ao centro do elevador ao som de música suave, observando a mudança de marcação dos andares e aguardando sua chegada ao térreo. Era uma sexta-feira, dia de happy hour, ele não era de muitos amigos, seus colegas pouco apreciavam uma bebida ao fim do expediente, alguns muito focados no trabalho, outros indo para casa com pressa para encontrar a família. Deixou o prédio e sentiu a friagem em sua face ainda aquecida, não queria a solidão de seu apartamento ainda, resolveu andar pela cidade. Observava as pessoas, perguntava-se o que as moviam, quais eram seus objetivos, seus hobbies, do que gostavam de conversar? Imaginou, apreciou, ignorou e seguiu adiante.

Andava em bom ritmo até que de relance viu uma grande janela de vidro à sua esquerda, percebeu que era um bar, o movimento era bom, mas ainda estava bem vago. Adentrou o local e resolveu tomar algo para pensar em frivolidades que provavelmente esqueceria no dia seguinte.

- Whisky com gelo por favor. – cumprimentando o barman com olhar amigável.

Tomava sua bebida a goles lentos no balcão enquanto observava do outro lado uma moça, tinha o cabelo curto até a metade do pescoço, usava uma blusa azul marinho com os ombros à mostra, o sorriso não era tão deslumbrante, mas tinha um charme contido muito atrativo. Observava como um homem a abordava. A figura, mais jovem que ele, parecia conhecer seu terreno e o que fazia, arrancava risos e desconcertava a moça. Francis notava como ela mexia as mãos, apertava os dedos entrelaçados como quem tenta se retrair, mas um ar de entusiasmo poderia ser percebido em seu olhar e suas expressões.

Após poucos minutos o rapaz parecia ter convencido a moça a sair dali, como alguém encarregado de fazer aquilo por excelência. Os dois se levantaram e ela se preparava para pagar o que consumira quando o rapaz interveio e pagou ele mesmo. A moça ficara desconcertada, mas bastaram algumas palavras gentis para que aceitasse a interferência de sua nova companhia.

Francis observava e tentava entender porque não tinha a mesma desenvoltura com as mulheres, o porquê de até aquele momento ele não se considerar realizado neste campo da vida. Não que fosse algo necessário, não que ele precisasse daquilo, é verdade que por vezes imaginava como seria uma vida a dois, mas nada que o colocasse em estado de sofrimento, sua curiosidade era acompanhada de indiferença. Lembrava que os relacionamentos que tivera não foram tão excitantes como se imaginava, eram experiências agradáveis, mas ele sentia que não sabia fazer aquilo, todo esse negócio da conquista, da sedução, da presença masculina, tudo isso parecia um hostil campo de provas para ele. Era um homem contido, moderado, muito prudente antes de tomar qualquer decisão, preocupava-se com o que pensariam dele e tentava andar na linha da figura exemplar de um homem que se pode confiar. Sujeito de bom coração, embora aprisionado em seu próprio cárcere de boas condutas.

Já estava prestes a terminar seu drinque quando um leve tapa em suas costas o surpreende:

- Fala Francis! Happy hour da solidão?

- Solidão é bom para pensar Markus.

- Você não tem família cara, pode pensar durante o final de semana inteiro. – Chamando o garçom com um rápido aceno.

Markus entrou na empresa naquele mesmo ano, acabara de concluir uma pós-graduação em finanças e ser contratado em função de seu destaque em uma corretora de valores. Completara trinta anos e aparentava exatamente trinta anos, tinha um ar de autonomia e uma firmeza em seus gestos, fazia questão de roupas elegantes, não pensando nos outros, ele apenas se sentia bem assim.

- Você também não tem família novato, vai voltar pra casa da sua mãe no fim de semana? – Disse Francis com ironia.

- Bem que eu queria, mas tenho planos a partir de hoje. – Olhou para o canto do bar onde duas mulheres conversavam e se divertiam, demonstrando a Francis aonde iria.

- Hum, já entendi. Duas? Precisando de alguém pra completar o grupo? – riu com discrição.

Markus abriu um sorriso, colocou a mão no ombro de Francis e disse como quem tenta consolar um adolescente frustrado:

- Fran, Fran... Essa aí vai encontrar o namorado assim que saírmos daqui, mas mesmo que estivesse solteira, eu teria que pensar muito antes de colocar sua locomotiva naqueles trilhos.

- O que quer dizer?

- Eu não gosto de constrangimentos.

- E por que isso seria um constrangimento?!

Markus se aproximou de Francis e disse:

- Francis, você é um grande homem, ninguém tem dúvidas disso, basta ver como te tratam e te respeitam na empresa. Mas aquela ali é a Júlia, Júlia não está solteira, mas se estivesse, você pode ter certeza que ela teria mais de uma opção de escolha caso quisesse se envolver com outro homem de novo.

- Não peguei seu ponto. – Olhar intrigado.

- Entenda, existe um mercado, você entende bem sobre mercados, não é? Pois bem, para se destacar no mercado você precisa de competitividade, ser diferenciado, colocar na cabeça de seu cliente o por quê de seu produto ser a melhor opção. O que acontece quando seu cliente não tem muitas opções?

- Ele escolhe meu produto e eu tenho o poder da barganha para colocar minhas condições.

- Exato! E se o cliente tiver muitas opções você vai ter que suar a camisa! Você precisa de um diferencial. Cara, a Júlia é uma mulher linda, inteligente, gentil, toca até piano! – colocou as mãos sobre o balcão dedilhando como quem toca um teclado. – Se ela estivesse solteira, no dia seguinte haveria dez caras no pé dela. Eu sei que você entende muito sobre o mercado de cabos de cobre para redes elétricas, mas eu tenho que ser sincero com você, no mercado dos relacionamentos você conseguiria apenas o cliente sem opção.

Francis olhou desconcertado como quem resiste às considerações de um jovem. Pensou um pouco e falou:

- E por que você chegou a essa conclusão?

- Fran, você é muito...er...bonzinho.

- Ahh, não vem com essa senhor tutor do amor. – Recusando a conclusão de Markus.

- Vai dizer que você não pisa em ovos quando está com uma mulher? Vai dizer que você não fica ensaiando o que vai dizer antes de encontrá-la? Vai negar que você deixa ela dividir a conta do jantar com medo que ela te ache machista por pagar a conta? Vai negar que você segue todas as regras de boa conduta se aprisionando no medo de fracassar?

- Bem, não é tão assim...

- Seja honesto consigo mesmo Francis, você tem que sair do politicamente correto, até a mais ética das mulheres gosta de uma sacanagem.

- Meça essas palavras.

- Viu só?

- Viu só o que? – Francis finge não entender.

- Eu que sou seu colega já estou entediado conversando com você, imagina uma mulher pensando se ela pode ou não te considerar um cara decente para o futuro. Não seja tão previsível Fran, mulheres não gostam disso, mulher gosta do cara que paga a conta, que banca o final de semana, que demonstra controle sobre a situação e surpreende nas ocasiões mais inesperadas. É uma mistura de poder e perspicácia.

- Cara, eu discordo completamente, bancar o final de semana? Nós estamos em 2015 meu caro, isso já passou, as mulheres são independentes.

- Fran, Fran, suas palavras só confirmam sua ingenuidade. Esse papinho é o que a sociedade quer que você acredite, é o que foi te ensinado na escola desde que você era um adolescente, a realidade é completamente diferente!

- Eu sempre dividia as contas com a Amanda. – Disse Francis como quem prova o contrário.

- Onde está a Amanda agora?

- Não sei, acho que vai casar com um fazendeiro do interior...

Markus se debruçou no balcão e observou Francis pensando sobre o que ele mesmo dissera.

- Ah cara, isso não tem nada a ver.

- Fran, toda essa onda progressista do século XX tentou convencer a sociedade de que a mulher é uma figura altamente autônoma e livre de todo passado conservador em relação aos relacionamentos. Aos poucos fomos educados a conversar com as mulheres como verdadeiros cirurgiões da comunicação, temos que ter cuidado com cada palavra como se um pequeno deslize fosse motivo de escândalo e constrangimento eterno perante a sociedade. Você, Francis, é o resultado do século XX, um homem sem sal, sem graça, preocupado com todo o estatuto do politicamente correto. Você é o tipo do cara que vai receber elogios de todas as colegas de trabalho, da ativista feminista da faculdade, da mocinha rebelde de calça furada no metrô, vai ganhar um monte de curtidas compartilhando o vídeo fofo do Duvivier, mas no final das contas meu amigo, você será isso que estamos vendo, uma alma solitária em plena sexta-feira se perguntando porque nenhuma mulher te olha como olha o cara ao lado. Vai ficar achando que o mundo é cruel e injusto, que um homem bom que nem você merecia mais, vai ficar cada dia mais chato e quando se deparar com um playboy cercado de mulheres vai se roer de inveja e condená-lo por não ser tão virtuoso e moderado como você. Aos poucos se tornará um arrogante e se fechará deste mundo em sua solidão, que nada mais é do que a falta de coragem de encarar a realidade como ela é.

- Porr* Markus!

- Sai dessa Fran, rasga este estatuto de boa conduta e encara a vida com naturalidade, você não precisa virar um fanfarrão, mas deixe sua personalidade transparecer meu amigo. Nada como uma dose de espontaneidade em um cara já capacitado como você. Pega aqui meu telefone, amanhã vamos sair, vou te ensinar a arte de falar baixaria sem perder a classe.

- Não sei não...a última vez que tentei ser espertão levei um empurrão e caí na poça d’água.

- Então teve baixaria de sobra, você só esqueceu a classe! – Disse Markus gargalhando.

Cada um seguiu seu caminho.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Nobre dos nobres

- Não há uma só alma naquele lugar irmão, lá tu ficarás à mercê do nada, tens certeza que queres ir? Terás que atravessar um deserto árido e impiedoso que lhe fará transpirar dos pés à cabeça e suplicar pela misericórdia de teus guias.

- Não há outra escolha, é o que eu quero e é o que preciso. Poderia ficar contigo e viver as frivolidades desta cidade, desfrutar dos prazeres grosseiros, rir de minha própria desgraça e fazer desta jornada um êxtase ilusório, mas sinto lhe dizer que diante de tal quadro só o que me resta é a recusa. Preciso caminhar, não sei a que destino, mas há uma inquietude que me move e que me enrijece os sentidos para seguir nesta estrada. O que me chama é como uma canção sublime e meus passos em sincronia me conduzem como em uma dança a céu aberto. Há tanta beleza neste lugar, e posso ver em cada coisa aquilo que transcende aos olhos do terreno, vejo e sinto a vida em sua eterna orquestra, radiante e magnificente, como em um espetáculo de perfeição. Ora meu caro, há momentos em que as passagens nos fazem esquecer o que é eterno e imutável, do que realmente dá corpo e sentido ao que chamamos de existência, momentos em que esquecemos de olhar além do nosso próprio além, não vemos que tudo está fluindo, mas estamos em um rio sereno de um grande vale que só a ave mais destemida pode sobrevoar. 

Que dia formidável, não crê? O tempo nunca esteve tão convidativo, é uma pena que não queira me acompanhar, não nos falaremos por um longo tempo, não anseio me comunicar, mas minha alma carrega as lembranças de tua afabilidade por onde quer que passe. Deixei algumas moedas sobre tua mesa, dívidas não restam mais, e o excedente é para que compre um presente para tua filhinha, a qual me cativa com sua doçura. Quem sabe um dia terei uma família como a que tens, não parece má ideia, mas presumo que não seja o dever e o privilégio que me competem agora, doravante ajusto a velha bússola que papai me dera. 

Sinto-me estimulado, apesar de tudo, mas diga-me se não é assim que renascemos a todo instante? Não é assim que encontramos a valiosa trilha a qual todos deverão passar? Penso eu que nenhum mal exista, não o julgarei mal uma vez desviado do caminho do bem, mas que doloroso seria estender os dias de um homem longe do caminho dourado da benevolência. Não sei se aguentaria por muito tempo, nem preciso aguentar por muito tempo, o caminho afável sempre brilha e se avizinha a nós, não importa onde estejamos, não é como uma centelha passageira e descompromissada, lembra-me a luz do Sol, como se fosse eterna, constante, presente e perseverante. 

Não vejo a hora meu amigo, de subir aquela montanha, avistar o horizonte da liberdade e saborear os frutos ali crescidos. Para ser bem honesto, pouco me fascina a vida de nosso monarca, ora, se quando estou em júbilo com a vida me sinto como o mais nobre dos nobres, sendo eu meu próprio castelo, sendo eu meus próprios súditos, sendo comigo mesmo o meu maior dever e compromisso. Seguirei meu caro irmão, no mais deixarei contigo minha mais pura gratidão, e sei que não tardará para que nos encontremos novamente.




domingo, 9 de agosto de 2015

Escolha a liberdade

A sensação de exploração sempre existirá enquanto os recursos forem escassos, a luta pela sobrevivência fez, faz, e sempre fará parte de nossa existência. Você pode escolher entre se isolar em um ponto distante na natureza, produzir seu próprio alimento e viver da maneira que melhor o(a) satisfaz, ou você pode viver em sociedade, oferecer seu trabalho e buscar as melhores vantagens e oportunidades de acordo com suas ambições pessoais.

O capitalismo não impõe uma forma pré-determinada de como as pessoas devem viver, este é um sistema de liberdade, de livre-escolha. Você pode escolher ter uma vida simples, um salário modesto, vestir uma calça furada e andar por aí ajudando os pobres e necessitados, ou você pode empreender, investir em algum negócio, acumular bens materiais e ter uma vida de rei (se for bem sucedido).

Elites sempre existirão, mas qual seria a melhor opção? Uma elite de políticos poderosos que nada produzem à sociedade e utilizam a força para sua manutenção no poder, ou uma elite econômica que só pode ser sustentada através da melhor oferta de bens e serviços possíveis aos demais? O mercado é o sistema democrático mais implacável que existe, nele milhões, bilhões, trilhões de votos estão sendo computados diariamente, nele quem tem poder é o indivíduo, e a paz é uma dos preceitos indispensáveis para sua sobrevivência.

Em uma economia de mercado ninguém é forçado a nada, não existe uma maioria impondo o que é melhor para todos, o que existe são indivíduos buscando seus objetivos, cada um com sua personalidade e distinção, ao mesmo tempo que empoderam aqueles outros indivíduos que merecem reconhecimento pelos bens e/ou serviços que ofertam, sejam eles materiais, intelectuais, artísticos etc.

Quanto mais poder (dinheiro) é direcionado à classe política, mais fraco se torna o mercado, quanto mais fraco o mercado e a economia, maior a sensação de exploração. Muito se trabalha, pouco se poupa, parece que nunca conseguimos sair da corrida dos ratos. Mas quando o mercado tem seu espaço e os indivíduos podem prosperar, tudo se transforma, mais riqueza e oportunidades são geradas, as pessoas conquistam mais autonomia e a vida ganha uma nova dinâmica de otimismo, motivação e cooperação.

Optar pelo mercado ao invés do Estado significa optar por uma libertação gradual, longe das receitas mágicas e das ideologias utópicas, é focar em si mesmo e oferecer o melhor que se pode fazer, é gerar valor e encontrar oportunidades onde há demanda, é construir a própria segurança e depois olhar para trás e reconhecer que você é muito maior e mais capaz do que imagina. No final das contas, não existe almoço grátis, mas é melhor lutar pelo seu almoço na liberdade do que ter seu almoço dependendo daqueles que acreditam saber o que você precisa para ser feliz.

domingo, 2 de agosto de 2015

Após o vale dos lobos

Caminhava o bravo guerreiro perdido e atormentado pelo Vale dos Lobos, após a batalha os poucos que sobraram se dispersaram, e ele estava entre aqueles que saíram feridos e aterrorizados pelo jorrar do sangue que ali se deu. Frente aos seus olhos nada além da trilha inóspita e saudosa dos últimos que ali passaram, tampava o olho ferido com um pedaço de pano encontrado em meio ao caos, apenas restando o outro para tentar enxergar o caminho neblinado pela frustrante derrota. Caminhou sem rumo algum, pois que pouco sabia sobre o lugar em que estava.

O frio e a solidão o acompanhavam assim como os morcegos acompanham a escuridão, pouco se entendia, muito se pensava, naquele momento o tempo já não fazia mais sentido, os segundos não existiam, os minutos constituíam uma escala de um passado distante. Não imaginava que sentiria tanta falta daquelas que o esperavam em casa, no pequeno condado, provavelmente desfrutando do indispensável calor da lareira que muito trabalhava naqueles tempos que antecediam o inverno.

Perguntas ficavam no ar, os amigos que ficaram para trás, a certeza da vitória massacrada pela espada inimiga, tudo o fazia lembrar daquele dia de terror em que pela primeira vez sentiu o pesado revés que pode surpreender o mais hábil dos combatentes e o mais perspicaz dos generais. Continuou sua jornada já confuso entre a loucura e a realidade, cambaleava sentindo na boca a lembrança do inesgotável prazer de uma pequena gota d’água nos momentos de agonia e restrição. Não desistia, e dentro da desordem de seus sentimentos se sustentava uma fé que parecia ser inabalável.

Ao cruzar imensurável trajeto avista um pequeno vilarejo formado por poucos casebres, alivia os sentidos e caminha com o que sobrou de energia daquele coração que ainda pulsava para que ele pudesse sentir cada pequena sensação promovida pelo sofrimento. Adentra o vilarejo e se dirige sem firmeza à pequena fonte central, mergulhando a cabeça na fria água de outono e fornecendo ao corpo aquilo que tanto ansiava. – Água! – Exclamou por dentro. Nunca esta fonte de vida cumpriu tanto o seu papel como naquele momento de martírio.

Observado com curiosidade pelos aldeões, foi abordado e acolhido por uma família, longe de toda nobreza, mas bem próxima do mais puro amparo cristão. Foi recebido, alimentado, teve seus ferimentos bem cuidados, e pôde enfim descansar depois da brava odisseia. Adormeceu ainda fora de si, e foi surpreendido por cenas macabras daquele dia que dificilmente deixará sua sofrida memória, mas conseguiu descansar, e aos poucos revitalizara o corpo cansado. Dali por diante, sua jornada não mais seria pelo Vale dos Lobos, mas sim pelo vale interior que o atormentava a alma e o roubava a expectativa pelo dia posterior.

sábado, 14 de março de 2015

Do socialismo ao liberalismo

James Watt
Inventou o motor a vapor atravéns de seus anseios
individuais e constribuiu mais para a humanidade
do que qualquer socialista ou burocrata.
Estive pensando e já há algum tempo gostaria de escrever sobre minha drástica mudança de viés ideológico na área da política e da economia. Muito me faz refletir o fato de hoje defender algo que há cerca de dois anos eu iria considerar abominável e retrógrado. Faz-se necessária uma análise cronológica de como os eventos evoluíram a este ponto. Hoje me considero um liberal (embora simpatize com o conservadorismo em alguns aspectos), defensor do estado mínimo, em favor do livre mercado, da ênfase no indivíduo e no voluntarismo, partindo do pressuposto de que quanto menos paternalismo de uma classe superior (estado), mais responsáveis são os indivíduos e os grupos sociais para que sejam protagonistas de suas próprias ascensões, conquistando um sentimento de independência que tende a se solidificar de acordo com o aumento da liberdade. A esperança do progresso com base no apadrinhamento do estado torna a vida humana uma experiência de responsabilidades vagas e confusas, além de uma coletivização que pouco tem a ver com solidariedade ou fraternidade, e sim com dominação e imposição de determinadas ideias sobre seres-humanos que em partes foram desqualificados de individualidade.

Pois bem, meu interesse por política começou a se manifestar quando adolescente, porém meu conhecimento era quase nulo, hoje considero que sei pouco, mas sei bem mais que naquela época. Meio que por um comportamento natural eu gostava da ideia do capitalismo, aquilo parecia fascinante, o progresso operado pela civilização nos últimos séculos soava para mim como uma experiência vitoriosa e irrefutável, hoje considero que esse meu instinto da adolescência estava correto, e que o liberalismo já devia fazer parte de meu passado (para quem acredita no espiritismo e na reencarnação). Porém essa minha atração pelo capitalismo, mesmo não tendo sido tão beneficiado por ele desde um determinado período da minha vida, não se alongava a uma verdadeira posição política, era apenas uma admiração do mundo assim como ele é, acreditando que tudo estava em progresso e que a família da favela, mais cedo ou mais tarde, seria agraciada pela ordem natural das coisas, conhecendo assim o conforto e a fartura assim que sua vez chegasse e seu mérito laboral fosse recompensado.

O tempo passou e entrei na Universidade, primeiramente em Filosofia, apenas por um semestre, e por seguinte em Jornalismo, onde permaneci por dois semestres. Este período de um ano e meio eu considero como o meu início no pensamento e posicionamento político mais atuante, porém confesso que este cenário era bem vago e pouco direcionado com precisão, mas todo começo é assim. De certa forma ainda simpatizava com o capitalismo, porém notava o início do desenvolvimento de uma mente de esquerda, tempo esse que tinha simpatia pelo PSOL, por exemplo. Vale ressaltar que este ambiente acadêmico que frequentei era um antro da esquerda, inclusive até hoje ainda tento entender a força massacrante que este viés ideológico possui no campo da Comunicação Social. Minha professora de Sociologia assumia em sala de aula que era Marxista, estudávamos o Manifesto Comunista como uma bíblia, e lembro até que ela exibiu aquele filme sobre a revolução industrial que retrata a luta de classes e a exploração ao proletariado, e isso numa Universidade privada que pertence a um grupo industrial, melhor nem pensar no que acontece nas salas de aula das “públicas”.

Mas por incrível que pareça, essa convivência não me colocou em sintonia com o esquerdista way of life. Eu apenas acreditava em quase tudo que os esquerdistas diziam, mas ainda tinha meu grande respeito pelo mercado e à livre iniciativa, isso me colocaria, talvez, na posição de um Social Democrata. Neste momento eu acredito que entrei na sintonia do perfil “geral” da juventude da classe média brasileira, ou seja, Sociais Democratas que votam em partidos Socialistas porque simplesmente a esquerda conseguiu transformar o PSDB num símbolo da “direita opressora”. O que percebo é que esses amigos que votam no PT, PSOL etc, geralmente anseiam tudo que o PSDB defende, um sistema bem parecido com o Europeu, mas como disse, o PSDB virou o lobo mal, isso confirma a tese da força e do poder que esses professores e comunicadores da esquerda possuem quando escolhem um inimigo.

Após este um ano e meio fui para a Escócia trabalhar como voluntário em uma comunidade para pessoas especiais. Foi neste ambiente que eu dividia meu tempo entre praticar a caridade e amadurecer meu posicionamento político. Durante esta vida em comunidade assimilei tudo que a esquerda “do bem” sustenta. Elevei aquele estilo de vida a um estado utópico, enxergando ali o máximo da virtude e da benevolência, comecei a criticar o capitalismo e procurar por suas falhas, demonizei o materialismo e investiguei o que deveria ser feito para tornar o mundo melhor. Assimilei todos os mitos econômicos que a esquerda adora pregar e comecei a abraçar teorias utópicas de um mundo rico, lindo e sem sofrimento. Foi um processo de esquerdização avassalador, o comunismo e o socialismo eram fontes de esperança e a solução para a maior parte dos problemas sociais que eu observava. Você já viu esquerdista que não tenha uma resposta para tudo? É assim que funciona, os caras não dão o braço a torcer, acham que a vida e a existência são uma receita de bolo e que o capitalismo é a fonte de toda miséria, pura falácia! Hoje noto o tamanho de minha ingenuidade ao perceber que a comunidade exemplar onde trabalhei era sustentada em grande parte pelo setor privado, fundações, doações etc, e aquele lugar só consegue se manter com os recursos conquistados pelo capitalismo, ao contrário não passaria de uma comunidade capenga e totalmente insegura economicamente.

O que me chama atenção desse tempo passado é que mesmo com toda essa vivência ideológica, aquela imagem da foice e do martelo sempre foi um motivo de certa repulsa para meus olhos, por mais que eu acreditasse em grande parte da teoria, os símbolos da ideologia me causavam um pouco de desconfiança e um sentimento de autoritarismo, e não de libertação. Isso eu considero mais uma reação inconsciente das minhas verdadeiras e mais íntimas convicções ideológicas que mais tarde iriam, felizmente, despertar. Saliento que esse estilo de vida me fez pisar no freio profissionalmente, ajustar-me ao sistema capitalista explorador não era tão importante, assim perdi tempo e hoje corro atrás para me recuperar, mas não me arrependo, nada é por acaso e experiências são preciosas.

Barão de Mauá
Um patriota traído por querer transformar
seu país em uma potência.
Lembro-me que no auge de minha esquerdice eu aparentava ser uma pessoa super humana e benevolente, mas por dentro guardava o rancor autoritário da ideologia, assim como a prepotência de querer que os outros acreditassem no que eu acredito (muito comum entre os camaradas, principalmente os que se acham mais inteligentes). Julgava-me acima dos manipulados do sistema de consumo, aqueles pobres seres infelizes que não sabiam achar a felicidade nas coisas simples da vida. Tornei-me a típica figura esquerdista, um cara do bem que transformou seu desejo de mudar o mundo em um autoritarismo branco. Hoje eu agradeço muito por ter vivido isso, pois agora minhas convicções do outro lado são muito mais fortes. Esquerdista com papinho humanitário e virtuoso não me engana mais, a vida é um grande trade-off e toda intervenção social terá seu lado negativo, um líder deve transformar seu sentimento humanitário em uma verdadeira ação pragmática e meticulosa no momento de planejar e tomar decisões, caso contrário cairá na ilusão do curto prazo e as consequências serão piores.

Agora as coisas começam a ficar legais. Depois desta experiência no exterior, decidi estudar Comércio Exterior, imagina só, um esquerdista estudando business. Mas tudo bem, estudar Comex e Economia não me rebaixaria ao nível de capitalistas materialistas, eu poderia trabalhar para o estado, fazer algo humanitário, trabalhar em ONGs etc. Logo no primeiro semestre, ao estudar Introdução à Economia, entrei em estado de fascinação, as aulas eram um banho de lógica que poucos esquerdistas têm acesso (a maioria nunca abriu um livro de Economia, ou melhor, a maioria nem leu o Manifesto Comunista, só vão na onda), comecei a me divertir e me encontrei naquele campo do conhecimento. Economia é o máximo (apesar das minhas limitações matemáticas devido ao trauma dos conteúdos que o governo nos manda estudar no ensino médio). As semanas passavam e eu gostava daquilo cada vez mais. Porém eu ainda era esquerdista e queria usar este conhecimento para combater a pobreza e fazer algo bom pelo mundo que não convivesse com esse egoísmo capitalista, oh yeah, let’s fight the 1%!

Eis que nos aproximamos do grande momento. Certo dia vi um post ou comentário de um colega da faculdade em algum lugar das redes sociais, ele, de uma maneira que nunca vi antes, defendia a “privatização de tudo”! Heim?! Privatização de tudo? Você só pode tá brincando com a minha cara. Claro que eu nunca iria concordar com aquele cara, imagina só, num mundo tão desigual e injusto você querer viver só do privado, que coisa maluca. Mas aquilo ficou na minha cabeça, e martelava e martelava, até que pensei: “Bem, eu não concordo de jeito nenhum, mas eu deveria ouvir o outro lado, não? Se um cara instruído defende uma hipótese dessas, deve haver algo que faça sentido por trás, ou será que esses liberais são seres do mal que não querem um mundo melhor? Não faria sentido.” Eis que o esquerdopata resolveu ser humilde e conhecer outras ideias.

Comecei a procurar materiais sobre privatizações e economia liberal, até que cruzei com um artigo do Instituto Ludwig von Mises Brasil, eu não lembro que artigo vi, mas era o tipo de coisa que qualquer esquerdista cuspiria em cima e nem acreditaria que alguém defenderia algo daquele tipo. Mas eu comecei a ler, e fui lendo, e quanto mais eu lia, mais queria novos artigos, aquilo foi sendo assimilado por mim de uma maneira impressionante, aquele absurdo estava fazendo sentido na minha cabeça, pouco a pouco minha mente utópica foi puxada para a realidade e me fez entender o contexto social de uma forma completamente diferente. O capitalismo não era esse demônio, era algo natural e benéfico, a lógica era perfeita e ao mesmo tempo não garantia sucesso absoluto. Era como a vida, cheia de riscos e aventuras, porém muito estimulante e convidativa a um constante melhoramento individual e cooperativo. Fiz questão de derrubar vários mitos, como a devastação da natureza, o acúmulo de riqueza, a existência da desigualdade, e a melhor parte, as reais razões da pobreza que assola nosso país, a África e tantos outros. Por momentos fiquei espantado ao perceber como a esquerdice me socou em outro mundo.

Desde então não parei, li alguns livros e concluí que eu estava no mundo da lua defendendo a utopia socialista que sempre acabava em tragédia. Porém não virei seguidor de Mises, sou a favor de um estado e não gosto do radicalismo, porém acredito em algo que o Brasil nunca experimentou, que é o liberalismo econômico. É claro que tento sempre melhorar meu ponto de vista, mas uma coisa é certa, vejo muito mais sentido no que acredito hoje do que o que defendi anteriormente. Mais do que mero conhecimento político-econômico, o liberalismo me deu a maior lição de moral da minha vida, e que sou muito grato, que é: você nunca está certo, somos todos diferentes, a vida é complicada, o que você acredita ser bom talvez não seja para outra pessoa, respeite a liberdade alheia, respeite o consumista e o minimalista, cada um vive o que quer e o que busca, você não é ninguém para julgar alguém, você nunca terá a fórmula da vida perfeita. Parece básico não é? Mas quando você está tomado por uma ideologia ou doutrina, lições básicas do bem viver podem se afastar, dando espaço para imposições autoritárias do que é certo e o que é "melhor" para todos.

Bem, hoje aceito a vida como ela é, foco em mim e ajudo os outros sempre que possível, sinto-me livre de uma ideologia que nos escraviza silenciosamente. Poderia ficar aqui escrevendo muito mais sobre esse assunto, mas chega por hoje. Fecho com um dos meus vídeos favoritos sobre o assunto aqui abordado, coisa curta:



quinta-feira, 5 de março de 2015

Voltarei


Sabe aquela mala
Que com memórias deixei?
Guarde-a
Pois voltarei

Sabe aquele dia
Que sem temer acordei?
Nunca se esqueça
Pois voltarei

Sabe aqueles sonhos
De um reino e um rei
Relembre-os também
Pois logo eu voltarei

Se buscava um tesouro
E minha rota mudou
Descobri o velho plano
Que na gaveta ficou

Água é a vida
Água é o homem
No rio da jornada
Não há um dia sem fome

A água que corre
Não fica parada
Se houver impedimento
Será então ajuntada

E se o tempo passar
Mais forte será
Quando as comportas abrirem
Com poder passará

No mundo de Deus
Não há tempo perdido
A cada segundo 
O passado é vencido

Mas no mundo dos homens
A paciência é amiga
Pois logo lhe dirá
A razão desta vida

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O rochedo e o marinheiro


A vida de um marinheiro
É cheia de incertezas
Repleta de coragem
E muitas surpresas

Não se pode parar
Nem para pensar
O marinheiro que para
Não poderia estar no mar

O marinheiro não tem tempo
Nem pra chorar e nem pra sorrir
Só tem um descanso
Até o novo partir

Carregando seus dias
De lutas e de glórias
Cicatrizando as feridas
Daquelas duras memórias

A sua alegria
É muito esperada
Não é duradoura
Mas é acumulada

Quanto tempo navegando
Cansado há de ficar
Mas tanto ama essas águas
Que não há de amansar

Marinheiro escutai-me
Pois tu sozinho não está
E aquele que algo busca
Algo encontrará

Quando houver um rochedo
E desviar não for possível
Não perca tua calma
Pois tu és invencível

Salve o que puder
E tenha paciência
Tua alma é pura
Chegará tua clemência

Deite na rocha
E não reclame
A noite passará
Será o fim do certame

Teu barco abatido
Ainda há de navegar
Abra suas velas
E não exite em acreditar

Os bons rumos meu caro
Certamente estão aí
Basta persistência
Na bela arte de descobrir

Mas antes de mais nada
Algo tenho a lhe alertar
O bom marinheiro
Por bons ventos sabe esperar

Agarre o esfregão
E guarde tua espada
O convés está sujo
Merecendo uma lavada

E quando tudo estiver limpo
Sente e aguarde
Os ventos do Oeste
Não virão tão tarde

Esteja em alerta
Prepare a tripulação
Pois no momento certo
Virá a nova missão

E aquela sujeira
Que tiraste do convés
Ficará no rochedo
E não haverá revés

Vejo-lhe em terra firme
Quando da glória chegar
Compartilhando teu ouro
Com um brilho no olhar

Sonhei contigo
E ao rochedo tu sorrias
Pois naquela noite
Começara o teu dia

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Global fraternity

How different is a Chinese compared to a Paraguayan? What about an English person compared to a Mexican? A Japanese compared to a Cuban? Since my early teen years I have been wondering how different people worldwide are. How do they think? How do they feel? Why people in Brazil say Europeans are cold? Europeans are not cold; they are just more private and deeper in their relationships. Brazilians are warm indeed, but in some cases they can be annoyingly warm, I would place myself between the two extremes, not so cold, not so warm, just between; imagine what you want out of it.

On my pursuit to answer those questions I left Brazil for the first time in 2011 for a volunteer year in Scotland together with people from different nationalities (Germans, Koreans, Hungarians, Scottish, Canadians etc), that was a great experience and I could for the first time live-in with non-Brazilian people. After a few months I came to the conclusion that, wow, we are all the same! Naturally we have our own individuality, no doubts about it, however we are fatally on the same human/spiritual race, we have the same emotions, we live similar dramas, we get happy for the same reasons and sad also for almost identical reasons, later on I could even more observe it as I gradually had other experiences in college with foreign students.

Indeed our cultural background makes us feel slightly far apart superficially, but in the end, once you have a chance to explore someone else from another country you will see how close we are to each other, how we are all humans even though we were born in a developed nation or not. When we are teens we try to adjust ourselves and have friends, when we are young we want different experiences, as more as we get mature we live the same adult issues and it goes on until the end. Thus we can also conclude that wars put in evidence how big our lack of communication and understanding is, and especially how vulnerable we are to insane ideologies, such as nationalism, socialism and also extreme worship of some religions that enchain so many nations in misery and suffering.

The nations of this planet might look on very different stages of development; a rich guy from New York might think he is light-years away from a poor farmer in the countryside of Bangladesh, but if we look upon an universal point of view, considering the Earth’s age and our short history we can quickly conclude that those two persons are actually very close and connected, and the grand grandfather of this rich guy was also a farmer trying to survive in the middle of nowhere. Overall we are all very connected and chasing the same purpose: happiness and well-being.

That’s why racism is something so stupid once you think about it rationally, it is even unnecessary to say that globalization will slowly defeats it until a point our culture and skin-color will be nothing more than a reason to celebrate the diversity and the richness of our planet’s beauty. When I think about racist people I realize how poor and fool they are for not enjoying the opportunities of living in harmony with people that could bring them a different point of view or any other thing to enrich their lives. I am not here trying to defend minorities; I am just standing for logical thinking.

I will probably not be here when this planet lives as one and without borders, it will still take some centuries to be accomplished, but for sure there will be a point when all of us will agree with each other and no more hate will lead us to violence, tyranny, persecution and consequently suffering. However I believe I will still be alive out of this body and have a chance to admire this age of peace and global fraternity.

In honor to the victims of the terrorist attack against liberty that took place yesterday in Paris.

(This text might contain a lot of English mistakes, grammar and some parts can look weird for a native speaker, writing in English makes me lose 80% of my vocabulary and sensibility to the words, however I'll only get better trying, thanks for the patience)