quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Coletivismo não é fraternidade e Individualismo não é egoísmo

Resultado de imagem para coletivismoUma das grandes dificuldades no processo de difusão do pensamento liberal é a desmistificação de alguns termos que até então parecem favorecer os socialistas. Dois desses termos, muito citados na literatura liberal, é o "individualismo" e o "coletivismo". O primeiro nós ouvimos desde que somos crianças: "Não podemos ser individualistas, temos que dividir.", o mundo nos diz. E com toda razão, a solidariedade e a partilha são parte de nossa cultura e considero algo benéfico.

Acontece que, quando falamos de Ciência Política, o "individualismo" não significa esta noção de egoísmo e mesquinharia, e sim a liberdade de determinada pessoa agir da maneira que quiser, contanto que não fira as leis que regem a sociedade (e sim, as leis são necessárias). No modelo "individualista", o Estado é formado em torno da proteção do indivíduo, e não de grupos, isto garante que a autonomia de cada pessoa seja respeitada, protegendo, em especial, as minorias, aquelas que a esquerda costuma defender sempre mas não admite que são as mais perseguidas quando seus regimes socialistas se encaminham para realidades autoritárias.

O segundo termo, "coletivismo", soa como algo benevolente, ligado à fraternidade entre os homens: "Pensemos no coletivo!", dizem. E não há nada demais nisso, contanto que se atue coletivamente de forma voluntária, e não se utilize a força coercitiva do Estado para criar estruturas de proteção a determinados grupos (o que acontece muito no Brasil). Um modelo de Estado coletivista não pode conviver com um modelo individualista, quanto mais coletivista um Estado, mais ele compromete a autonomia individual e força as pessoas a se sujeitarem a um suposto "bem comum", e foi exatamente isto que aconteceu com as ideologias colocadas em prática ao longo do século XX. No começo, parecia uma salvação coletiva rumo a um paraíso, depois, logo se transformou em um inferno administrado por uma elite despótica.

Há de se destacar que uma pessoa que defende um regime político "individualista" não necessariamente é alguém que pensa apenas em si mesma, pelo contrário, talvez esta pessoa esteja bem inserida socialmente e coletivamente, mas por uma convicção ética prefere um modelo que proteja as "minorias" e até ela mesma (caso um dia ela se torna alguém "diferente" do todo"). Assim como uma pessoa "coletivista" talvez não seja tão fraternal assim. Muitos coletivistas - e aqui destaco os socialistas - são daqueles que endossam uma ideologia política que poderia salvar a humanidade mas não têm a coragem de mover uma palha para ajudar alguém mais próximo, como um familiar que está logo ali ao lado. Em outras palavras, são aquelas pessoas que "amam" a humanidade mas odeiam o ser-humano.

Estados individualistas formam estruturas sociais voluntaristas, enquanto Estados coletivistas formam estruturas sociais coercitivas. Há uma grande tendência a nos deixarmos levar por promessas de regimes coletivistas, pois costumam prometer "fins" compensadores, entretanto devemos haver cuidado com essas promessas, afinal um grande Estado capaz de "fazer o bem" é um grande Estado capaz de fazer o mal. Portanto, por via das dúvidas, talvez seja melhor manter este Estado contido, evitando assim processos de tiranização. Isto é Ciência Política clássica, coisas que fundaram nossa civilização, mas parece que há a necessidade de sempre relembrarmos, principalmente em um país em que seus cidadãos cedem tanto poder aos governantes, abrindo mão da própria liberdade em troca de promessas de direitos e segurança econômica.

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