sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Bolsonaro pode estar no poder, mas ainda estamos no Brasil de Lula e Dilma

Resultado de imagem para desempregados sao pauloÉ extremamente comum nos depararmos com pessoas reclamando de um momento político "atual", atribuindo o cenário não ao governante que passou por ali, mas àquele que está no poder no momento em que há a insatisfação. Este é um grande problema da democracia de massas, as pessoas atribuem tudo que está acontecendo ao governo de momento, sem compreender a amplitude dos sucessivos eventos que construíram aquele cenário perceptível.

Por exemplo, quando Lula assumiu o poder e durante todo o seu primeiro mandato, ele não governava o "Brasil de Lula", ele governava o "Brasil de FHC". Lula administrava um país com uma política a nível federal moldada durante oito longos anos por FHC e seu partido. Política pública é assim, você faz algo hoje para só ver efeito depois de uns três anos ou mais.

Neste momento, o Presidente da República é o Sr. Jair Bolsonaro, que assumiu seu cargo há cerca de nove meses. Bolsonaro não governa o "Brasil de Bolsonaro", e nem o de Michel Temer (que esteve no poder por dois anos), Bolsonaro ainda governa o "Brasil de Dilma Rousseff" e seu Partido dos Trabalhadores. A conjuntura econômica que vivemos neste momento foi construída por aqueles que estiveram no poder nos últimos dez (ou mais) anos. É verdade que Michel Temer mudou esta rota, mas ainda faz muito pouco tempo para as alterações serem sentidas.

É claro que algumas coisas acontecem e podem ser atribuídas ao mandatário de momento. Por exemplo, o Brasil neste ano teve uma queda significativa na ocorrência de diversos crimes, como roubos de carga, estupros e homicídios. Tenho certeza que muitos discordariam de mim, mas atribuo esta queda ao fato de termos um presidente extremamente hostil a esses crimes que há anos perturbam acintosamente a ordem social brasileira. Sei que a segurança pública não é uma responsabilidade da união, porém desconfio que parte da "bandidagem" está pensando mais antes de proceder com seus crimes, com a ideia de que se fizerem coisa errada, "o Bolsonaro vai pegar".

Mesmo considerando estas exceções, as políticas públicas demoram um tempo para serem sentidas, principalmente no que se refere à economia. Neste campo, o que a equipe de Bolsonaro liderada por Paulo Guedes está fazendo - e ao meu ver está fazendo bem - só será sentido daqui a alguns anos, talvez uns dois. Além dessas coisas levarem um tempo, ainda há a demora para que o Congresso aprove as medidas, como a Reforma da Previdência, essencial para o equilíbrio fiscal do país, mas que só deve ser aprovada pelo Senado no começo de outubro. Vamos demorar longos dez meses para aprovar uma reforma que já deveria ter sido feita há anos. Mas não deveríamos nem reclamar, afinal pelo menos as coisas estão acontecendo, depois de tudo que passamos, a situação poderia ser bem pior.

Por isso se alguém reclama da situação econômica neste exato momento e atribui os números a Bolsonaro, atrevo-me a dizer que este alguém não tem muita noção sobre como as coisas acontecem. Críticas mais contundentes ao governo Bolsonaro poderão ser feitas quando seu mandato estiver chegando ao fim, talvez a partir de 2021. Antes disso os ataques não deverão passar de espantalhos ou de manifestações ressentidas de quem ainda não aceitou o resultado das eleições em 2018. Como costumavam dizer no início do segundo mandato de Lula: "deixa o homem trabalhar". É impressionante como "deixar o homem trabalhar" não parece ser uma ideia palatável aos agitadores quando seus representantes não estão no poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário