Liberdade de expressão parece que é uma daquelas coisas que acabou se tornando uma espécie de dogma moderno. Quase não há quem diga que é contra a liberdade de expressão, e se há, estas pessoas tentam não se manifestar a respeito. Liberdade de pensar e dizer o que pensa é o que se vê entre as bandeiras de muita gente que têm certeza que são seres progressistas e muito mais "mente aberta" do que a média da população. Será?
Algo que tem se tornado cada vez mais perceptível é que boa parte destas pessoas que se dizem "liberais" e "mente aberta" têm uma extrema dificuldade em se portar frente a posições de opinião que divergem das delas. "Eu defendo que as pessoas sejam livres", dizem, mas basta o seu Joaquim Teixeira dizer que não gosta de algo que elas gostam e já ficam extremamente enfurecidas, como se uma simples opinião individual fosse um posicionamento autoritário e coercivo.
Grupos que se consideravam "marginalizados" pela sociedade, galgaram posições de poder e espaço pregando a tolerância frente às diferenças e convencendo uma sociedade conservadora a se abrir para o novo, aceitando aqueles que optavam por estilos de vida que iam de encontro com a cultura tradicional vigente. Eles chegaram lá, reinvidicaram suas liberdades, geraram a ruptura que tanto queriam e então todos poderiam ficar em paz, certo? Não foi bem assim.
Os grupos que antes se utilizaram do discurso da tolerância para serem "deixados em paz", o que é algo justo, não pararam aí. Continuaram atuando de forma a desarmar todo o arcabouço tradicional da sociedade que os ofereceu um espaço, comportando-se como verdadeiros agentes subversivos, querendo virar tudo de pernas para o ar, não só atuando de forma ativa para alterar todos os padrões consagrados pelo tempo e pela luta da sobrevivência, mas também censurando de todas as formas possíveis aqueles que se recusam a se adaptar a tal estilo de vida.
Em outras palavras, a sociedade tradicional se abriu para as virtudes do liberalismo moderno, mas os grupos que ascenderam ao poder solapando os valores tradicionais estão pouco se lixando para estas mesmas virtudes que permitiram sua própria ascensão. Não basta a eles terem a liberdade de falarem e serem o que são, é preciso substituir toda a ordem cultural vigente, fundando um total novo estilo de vida, que havia sido introduzido como "subversão", mas que busca se estabelecer como ordem hegemônica. Eis o porquê da fúria contra o cidadão comum que se posiciona contra as "novidades" que parecem ser impostas todos os dias por variadas máquinas de propaganda que se estabeleceram a partir do período pós-guerra.
Estes grupos subversivos que vêm conquistando cada vez mais espaços costumam ridicularizar as visões dogmáticas e todo o senso de orientação que havia conduzido o homem comum até aqui, o problema é que mal percebem que já há algum tempo eles estão se tornando fundadores de novos dogmas e referências existenciais, fundando, na prática, uma religião alternativa, que ganha corpo na fusão de inúmeras ideologias modernas, e à medida que assumem posições de poder, mostram-se até mais autoritários do que a ordem tradicional que buscaram suplantar apoiados no discurso da "liberdade".
Portanto, muito cuidado com aqueles que saem por aí brandando a "luta pela liberdade", a "tolerância" e o "amor", palavras que têm seus significados paulatinamente alterados de forma a servir melhor os desígnios ideológicos já traçados. Quando alguém diz que é "tolerante" e fica enfurecido com uma opinião muito diferente, pode ir desconfiando que as sementes do totalitarismo já germinam por ali.
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