Você quer ter um filho? Essa pergunta agita os pensamentos dos jovens atuais, nunca foi tão pequeno o desejo pela reprodução no mundo ocidental, nesta sociedade individualista, ter filho é coisa de careta. A maioria não quer arriscar esta possibilidade, talvez pela responsabilidade, mas principalmente pelo possível aprisionamento familiar. Os jovens se sentem livres e acreditam que esta liberdade deve ser utilizada em atividades mais atraentes, como por exemplo, assistir a um simples programa de televisão.
A mulher, especialmente, ainda resiste moderadamente à possibilidade de não ser mãe, principalmente ao ver um bebê nos braços de outrem ou um comercial onde as crianças se parecem mais com anjos do que humanos. Segundo a psicóloga Rosely Sayão, filho se tornou bem de consumo, nada mais coerente, os gastos dos pais de classe média com um filho durante seu estado de dependência ultrapassa um milhão de reais, dinheiro voltado a diversas áreas econômicas, desde produtos infantis até carros mais espaçosos.
Ter filho também se tornou sinônimo de madureza, e madureza, em muitos casos, lembra idade avançada, velhice, e ser velho não combina com a contemporaneidade. O lance é ser jovem, todos querem ser jovens, tem titia pra lá dos quarenta achando bonito rodar a saia junto com a filha de dezoito. Para a filha, ela não é mais mãe, é amiga, está na moda. Os pais estão se esquecendo da importante figura paterna, símbolo de sabedoria, suporte, algo que oferece segurança para os fragilizados filhos, que ao se depararem com situações inesperadas acabam tendo dificuldades para trabalhar tais pontos com seus responsáveis, pois esses estão com a credibilidade notavelmente ferida pelos impulsos da vaidade.
Não podemos duvidar de que a visão negativa de se ter um filho já é uma realidade, portanto, podemos visualizar um futuro próximo quanto a esta situação. Famílias menores, morando em residências menores, casais “sozinhos” procurando novas formas de investimento até então atípicas. Poucas crianças, filhos geralmente únicos, com assistência educacional completa, cheios de informação, estimulados quase vinte e quatro horas por dia, cosmopolitas, e uma série de particularidades potencialmente definidas. Confesso que estou curioso pela definição do amanhã, principalmente este amanhã no Brasil.
Não sei se terei filhos, tudo depende de como a vida se desenhará, mas caso as situações não forem propícias, não terei dificuldades em aceitar esta idéia, pois já se passaram os tempos em que ter filhos era uma missão quase que obrigatória. Hoje há novos conceitos, novos estilos de vida, novas situações, e se considerarmos a pura meta reprodutiva de uma sociedade, veremos que em nosso país isso não é problema, pelo contrário. Mas devo salientar que com a mesma facilidade que aceito esta situação, também aceito a oposta, pois se assim tiver que ser, será um desafio enriquecedor, onde exercitarei faculdades particulares a ele.
Entretanto, carrego quanto a este fato uma razão até então definida, em que o desejo por filhos nunca deve ser prioridade, pois assim sendo, seria somente uma demonstração de fraqueza, mergulhada em paixões, luxúria, posse. Se há algo que completa o ser humano, não é a dependência de outro ser humano, e sim o trabalho e o conhecimento, pois estes engrandecem o homem e fazem com que ele progrida dentro das leis naturais, o resto, nem tão menos importante assim, fica em segundo plano, todavia mantém sua considerável taxa de atenção.
É valoroso arar a terra para o que vier, preparar-se para os desafios que ocasionalmente podem se revelar, mas até onde as prioridades podem ser definidas, devemos analisar com cautela cada possibilidade, controlando os impulsos e meditando sobre cada cenário que somos inseridos. Ter filho sim, ter posses nunca.
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