sábado, 8 de janeiro de 2011

O tempo


Quando um ano termina e vemos aquele último algarismo sendo descartado para a entrada do posterior, é inevitável pensar no movimento temporal da vida e das modificações do espaço ao nosso redor, lembramos das provas que passamos e o que fazíamos há dez anos, e como sempre, nos surpreendemos como tudo passara tão ligeiro. Durante todo esse tempo procuramos nos ocupar para progredir e afogamos nossas mentes em preocupações, projetos, e os mais diversos problemas cotidianos que nos fazem viver cada dia intensamente e dormir já pensando na continuação de todo o sistema ao raiar do sol do dia seguinte.
As atividades humanas nos envolvem de tal maneira que acabamos tentados a viver num pequeno espaço de pensamentos e limites ideológicos, dificultando a libertação do egocentrismo e do orgulho, obstáculos de grande porte na busca pela independência intelectual e espiritual. Vivendo dentro deste casulo, alguns tratam pequenas dificuldades de maneira exagerada e desgastante, perdendo muitas vezes o equilíbrio e se inclinando aos impulsos materiais que exigem soluções rápidas e rentáveis.
A vida quando estamos jovens nos parece longa, o caminhar nos mostra que essa não é a realidade, a passagem é rápida e somos pobres seres vivos perdidos num grande universo repleto de riquezas desconhecidas e idade inimaginável, não existe tempo, tudo está acontecendo e acontecerá independente dos ponteiros do relógio.
Na virada do ano soltamos fogos e comemoramos uma marca simbólica de novos dias, de um novo período, mas na realidade, tudo aquilo não acaba representando nada de relevante, pois os ciclos naturais de nosso mundo continuarão os mesmos e a verdadeira virada somente acontecerá dentro de nossos pensamentos e condutas em favor do bem e do respeito com o espaço em que radicamos nossas vidas.
Devemos olhar o mundo abraçando tudo aquilo que está acima do supérfluo e do material, para que não caiamos na ignorância e na cela que a vida terrena nos impõe. O coração quer paz, a mente quer paz, a natureza humana é a paz, aquele que tenta fugir disso tende a pagar caro. A bondade e a fraternidade sempre serão os caminhos mais curtos para a aquietação, e o tempo, não se importe com isso, é melhor esquecê-lo, mas se estiver muito acostumado com ele, use-o com racionalidade, pois nada adianta entregar sua lucidez a qualquer atividade com a ilusão de que deve aproveitar cada momento como se fosse o último.

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