segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sonho e realidade


O homem estará sempre limitado às suas capacidades físicas e aos fatores externos que o movimenta no espaço de sua convivência. O progresso científico sempre impulsionou os sonhos de romper as fronteiras naturais e promover façanhas nunca vistas. Para isso acontecer, cada ser humano investe a capacidade de energia que for de sua vontade para fazer parte das grandes descobertas, tendo seu nome gravado nos anais do avanço de nossa raça, foi assim com Da Vinci, Galileu, Einstein, entre outros cientistas que se entregaram aos estudos e pesquisas a fim de questionar as condições estabelecidas pelo universo.
Nenhum objetivo de valor é fácil de ser alcançado, pois se for, valor nenhum terá, um raciocínio lógico de que devemos lutar para alcançar metas que proporcionem o sentimento de realização tão almejado desta passagem. Durante um dia do cotidiano enfrentamos os mais variado desafios, vencemos gigantes, suportamos dores, sacrificamos algo para colher frutos no futuro. Vivemos da maneira que temos que viver, cada necessidade promove uma nova aventura.
Um homem adulto dorme cerca de doze horas por dia, período em que desliga seu corpo quase que por inteiro, preparando-se para mais uma odisseia diária. Porém nem todo corpo para de funcionar, algo continua ligado, vivendo, lembrando, planejando, sentindo, percebendo, e assim permanece até seu último dia de vitalidade. A responsável por toda essa agitação noturna é a mente, a grande condutora da humanidade, o ponto de diferenciação frente aos outros animais. Devemos muito à capacidade deste compartimento, protagonista de nosso avanço, soberano de nossas ações.
Neste exato momento em que você está lendo este texto, milhões de corpos estão adormecidos e sendo restaurados para novos episódios da vida, e ao mesmo tempo suas mentes não param de funcionar e gerar imagens que poderão ser lembranças perturbadoras no dia seguinte, lembranças que darão origem ao conceito nomeado de sonho. O sonho sempre foi objeto de questionamento por todos os curiosos, desde um grande cientista até uma criança. Ninguém sabe como eles são definidos, quais os seus sentidos, quem os planeja, por que eles existem.
Dormimos com a concepção de que tudo que vivemos naquele momento não passa de pura produção cerebral, falamos com pessoas que nunca paramos para conversar, vamos a lugares que nunca fomos ou que estavam submersos nas profundidades da memória. Os sonhos podem até arguçar as percepções nervosas e afetar os sentidos do corpo, desencadeando fenômenos como suor ou lágrimas em demasia, dependendo do que o indivíduo está vivendo dentro de sua mente.
Alguns homens afirmam que podem prever o futuro baseado em seus sonhos ou até mesmo viver integralmente uma cena que acontecerá anos depois. Poderia ser um dom especial da mente ou até uma interferência divina, independente do que acreditemos além deste mundo. Os sonhos são um enigma. Mas o que diferenciaria os sonhos da vida real?

Um homem que vive de miséria perambulando pelas ruas poderia virar presidente de seu país ao adormecer, um garoto sem a visão poderia se tornar um incomparável aviador ao se deitar, um anafalbeto poderia tomar a forma de um célebre escritor, e assim por diante. Ora, se eles são tão mais felizes dentro de seus sonhos, o que os impediria de viver na plenitude de suas ações psíquicas?
Alguns duvidam que não haja esta possibilidade, pois se dormimos, nos desligamos do mundo, se nos desligamos, não temos mais valor, não funcionamos, permanecemos ali até o novo dia, e tendo em vista que o mundo fora da cama é o real, seria inútil construir uma vida além do que chamamos de realidade.
Mas quem poderia afirmar que a realidade não está dentro de nossos sonhos? Ora, dentro deles nos comunicamos, nos locomovemos, temos sentimentos, até nosso sistema nervoso funciona como se estivéssemos acordados. Durante o século XVII, o grande filósofo, físico e matemático francês René Descartes pensou numa condição para existirmos, e refletindo sobre sua atuação no universo enquanto humano, concluiu que a condição da existência seria o pensar, e enquanto ele pensava, ele existia, criando a famosa frase: “Penso, logo existo”, que serviu de base para uma infinidade de pensamentos filosóficos durante a Idade Moderna.
Descartes em seu “Discurso do Método” escreveu o seguinte trecho: “...considerando que todos os pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos”.
Se podemos pensar que as coisas que vivemos normalmente não são tão verdadeiras, então podemos desclassificar os sonhos da posição de “ilusão” e promovê-los à realidade, transferindo a vida real para a condição de dormência material e ativação psíquica em função do que sonhamos, deste modo, um homem teria dois mundos vitais, o material e o mental, e ele viveria com maior intensidade aquele que desejasse.
Trabalhando este raciocínio, imaginaremos em outras postagens como seria aplicada essas condições à vida de um ser normal no mundo material, mas capaz de tramar desejos e ambições fora do comum em função de um total controle de sua vida mental, e como seria se essa vida mental pudesse interferir com intensidade na vida material ao ponto de desencadear comportamentos sobrenaturais nos indivíduos envolvidos.

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