Desde que chegamos aqui ficamos impressionados com o tamanho e a infraestrutura deste Camphill, de dimensões muito diferentes das do que vivi na Escócia em 2011 e 2012. São várias casas, vários workshops, clínica médica, centro administrativo, centro de convivência com café e loja, fazenda com grande produção diária de carne e laticínios, centro de eventos, todo tipo de maquinário para produção agropecuária, campos férteis para agricultura e tudo que podemos imaginar de necessário para uma comunidade vibrante e praticamente autossustentável.
Para quem é novo em meu blog e não viu outros posts, uma comunidade Camphill é um lugar criado para a inclusão social e profissional de pessoas com necessidades especiais. Essas pessoas podem viver aqui a vida inteira e conquistam um nível de autonomia e dignidade que sequer conseguimos imaginar muito bem no Brasil. Nós vivemos em uma casa com 5 pessoas especiais de diferentes diagnósticos.
Como as
experiências que temos no Brasil com pessoas especiais costumam ser raras e até
pobres, é difícil explicar a um brasileiro a realidade de uma comunidade
Camphill, um lugar incrível que só conseguimos conceber realmente quando
estamos nele. Viver e trabalhar com essas pessoas é extremamente gratificante,
estimulante e divertido. E é por isso que cada vez mais brasileiros vão passar
uma temporada em uma comunidade Camphill ao redor do mundo. Aqui em Copake,
além de mim e Iasmim, temos mais 3 brasileiros. Porém eles vêm e vão, e muitos
passaram por aqui em outros anos.
Todos que se
inscrevem para viver aqui e são aceitos, são alocados em algum local de
trabalho. No meu caso eu me tornei um fazendeiro integral, trabalhando na
fazenda tanto de manhã quanto à tarde. Um trabalho desafiador que tenho me
identificado cada vez mais, havendo sempre algo novo para aprender todos os
dias. Já a Iasmim foi alocada em duas posições diferentes, pela manhã ela cuida
da casa e geralmente faz almoço, e pela tarde ela trabalha em um workshop
chamado “Estate”. Esta é um workshop difícil de explicar aos brasileiros, mas
no geral é ligado a uma longa lista de trabalhos ao ar livre, como corte de grama,
corte de madeira com serra elétrica, armazenamento de madeira para o inverno,
produção de Maple Syrup, e serviços que exigem ação física e operação de
máquinas.
Além do trabalho
em nossos workshops, também trabalhamos na casa onde moramos, tanto com
atividades domésticas comuns como limpeza e preparação de refeições, tanto com
os cuidados aos residentes especiais. Em uma comunidade Camphill aprendemos um
pouco de tudo, e é por isso que considero este local um dos melhores lugares
para alguém se desenvolver como ser-humano. Este é um lugar da prática e você
está sempre com as mãos e a mente ocupadas com diferentes tarefas. Em verdade
muitos brasileiros que chegam aqui acostumados com uma vida de estudos ou
trabalho em escritório, geralmente contando as horas para irem para casa, ficam
impressionados com o quanto se desenvolvem e o tanto de coisas que podem fazer
durante um dia.
Além de uma
vida muito ocupada com todas as responsabilidades que lhe são atribuídas, quem
vive e trabalha em Copake usufrui de um cenário natural exuberante de morros,
florestas, rios, riachos, lagos e animais. O contato com a natureza é total e a
qualidade de vida imensurável, totalmente diferente da realidade urbana de se
viver em uma grande metrópole brasileira, como Fortaleza, de onde viemos. Desde
que chegamos aqui nossa saúde nunca foi tão boa. A minha sempre foi boa, mas
melhorou ainda mais. Já Iasmim praticamente se curou de uma série de problemas
pequenos que tinha, como gripes frequentes, crises alérgicas, entre outras
coisas que eram um incômodo constante no Brasil.
Estamos nos aproximando de completar 6 meses neste lugar incrível e teria muito o que falar sobre o Camphill, a América, nossos passeios na região, entre outros assuntos, mas deixarei tudo isso para próximas oportunidades. Meu objetivo neste post era apenas lhe dar uma breve introdução sobre onde estamos e o que estamos fazendo, e a partir disto poderei puxar mais assuntos. Até breve.
Tamarack, nossa casa |
Fim de tarde tirando leite ao ar livre |
Desbravando trilhas e cuidando dos animais da fazenda |
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