domingo, 8 de agosto de 2010

As designações da sociedade


Era 1953 quando o estado-unidense Elvis Presley rompia as fronteiras de conduta da sociedade e levava ao palco sua voz ousada e sua dança extravagante, deixando as moderadas menininhas da época em êxtase com cada performance jamais vista na história da música. Era o começo de uma série de iniciações artísticas que agitariam a segunda metade do século XX.


Elvis introduzia sua música violentamente numa sociedade contida, onde o tempo parecia estar parado há décadas. Sua dança, considerada um ultraje para alguns, chegou a ser censurada na televisão, onde só era possível contemplar o busto do cantor enquanto fazia seu "show".

Aquela sociedade, que condenava simples movimentos de dança que ultrapassavam as linhas da boa conduta diante da época, definitivamente não saberia onde se enterrar ao ver "popozudas" do Funk quebrando tudo com "micro-shortinhos" e calçados de salto-alto que paralisam os olhares masculinos, pelo menos há um tempo atrás, hoje já ficou até chato. Enquanto um meio social tentava se recusar a absorver uma cultura anti-conservadora, outro meio social aceita sem remorso algum, algo que não deveria nem ter passado pela cabeça de um Elvis ou mesmo de seus fãs. Isso aí, hoje é normal ver o Pedrinho de 4 anos dançando o "Créu" e a Mariazinha de 6, "procurando o seu negão". O que causava vergonha e constrangimento em uma sociedade, se torna algo puramente normal em outra sociedade.

Portanto, cada geração se difere no ponto de vista civilizador, se adequando ao contexto social em que é inserida. As pessoas são influenciadas de acordo com o fluxo vivido pela sociedade, que muda constantemente, não por pensamentos individuais, racionalmente planejados, mas por uma série de fatores que empurram uma massa de indivíduos a seguir uma série de comportamentos e condutas. Assim, não podemos tratar a sociedade individualmente, pois o agente singular não é capacitado o suficiente para mudar um cenário social, ou você acha que Elvis surgiu do nada? Negativo, nosso falecido cantor era só um produto de uma série de designações promovidas pela época. A sociedade é uma coletânea somatória e desestruturada de muitas pessoas individuais, desta maneira, seu estudo deve ser incorporado coletivamente.

Aristóteles comparou analogicamente a sociedade e seus indivíduos com uma casa e as pedras utilizadas para construí-la, pois não se pode avaliar a estrutura da casa contemplando isoladamente cada uma das pedras que a compõe. Nem tampouco pode se avaliar esta estrutura desconsiderando as características de cada pedra, pois se as pedras forem de fácil encaixe, a casa terá uma estrutura uniforme e promoverá uma moradia agradável, porém, se forem deformadas, haverá uma dificuldade maior para promover o bem-estar dos moradores, que poderão enfrentar problemas como o mal tempo e animais. A sociedade e o indivíduo não devem ser tratados como meros opostos, pois estão sempre de mão dadas, ligados um ao outro.

Se pararmos para acompanhar o contexto social por décadas, fazendo um estudo detalhado afim de definir o "eu" e o "nós", perceberemos que ambos estão em constante transformação, impossibilitando uma conclusão definitiva para o comportamento dos dois. Um "eu" e um "nós" da década de 50 é diferente de um "eu" e um "nós" da década de 90. Assim falando, o tempo se mostra o grande divisor de águas do estudo, porém, devemos considerar também a simples distância ou mesmo a cultura singular a cada sociedade. Por exemplo, uma vila do interior do Ceará possui designações amplamente diferentes de uma grande cidade do leste asiático, isso é fato. Mas não podemos desconsiderar que é possível encontrar semelhanças, o que torna o estudo da Sociologia bastante motivador e intrigante.

Feliz dia dos Pais a todos os Papais, inclusive o meu! Abraço a todos!

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