quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dance


Hoje foi mais um dia normal de trabalho em Corbenic, trabalhei no jardim pela manhã e na fazenda pela tarde, mas o que me inspirou a escrever foi um programa diferente que os residentes tiveram essa noite. Hoje uma professora de dança esteve aqui para colocar todo mundo para remexer. Fui com três residentes da minha casa, chegamos no espaço de eventos da comunidade e vários outros já estavam lá. É muito interessante quando posso ver vários residentes juntos numa atividade coletiva, interajo com vários durante todo o dia mas nada é igual a ver todos num mesmo espaço.
Digo isso porque hoje não era uma atividade normal, era dança, ou seja, era algo alegre e extrovertido, imagine você uma grande sala com cerca de 25 pessoas, sendo 15 delas especiais, portando os mais variados tipos de transtornos mentais, era esse o lugar, o lugar onde apesar das diferenças não havia diferenças, todos estavam juntos, e não importava as limitações de cada um, o importante era ouvir a música, dançar, sorrir e se divertir. Foi simplesmente fantástico o momento, músicas animadas, aquelas latinas e também umas mais populares como Michael Jackson e músicas para dnaçar em geral.
Alguns dançavam de maneira tão bizarra que me fez refletir o quanto somos tolos nos preocupando com as aparências e com o que os outros vão pensar. Eu particulamente não gosto de dançar, mas tenho certeza que tem gente que gosta mas não arrisca por que tem vergonha do que os outros pensarão. O grande ponto é, quantas vezes deixamos de fazer algo que gostamos por receio de interpretações externas, quantas vezes perdemos oportunidades por pensamentos infantis.
Eu tenho um amigo que dança muito mal, e por isso ele só dança quando está muito bêbado, é simplesmente ridículo ele dançando, por isso sempre acho engraçado comentar com os outros amigos, tirar uma onda com ele e rir de toda situação. Porém vejo o quanto eu estava equivocado, não só frente a esse amigo, como também frente vários outros comportamentos alheios que critiquei no passado. Quem se importa se ele dança mal ou não, o importante é que ela está se divertindo, o mundo pode explodir, que falta do que fazer ficar criticando o que e como ele faz.
Foi apaixonante ver os residentes dançando, cada um muito diferente do outro, cada um inventando seus passos diferentes, um batendo palma sem saber direito o que está acontecendo, o outro cheio de vaidade se achando o melhor dançarino, o outro sentado esperando a música que ele gosta tocar, cada um com um mundo a se explorar. Porém havia algo em comum entre eles, nenhum se importava com o externo, estavam todos integralmente focados na sua própria alegria, e bote alegria nisso! Nunca pensei que uma música alta deixaria eles tão felizes, alguns estavam fadigando de tanto pular e se mexer
Não que eu me preocupasse com isso antes, mas cada dia me sinto mais seguro em fazer o que me deixa feliz e esquecer o pensamento alheio, a receita é bem simples, é só fazer como os residentes. Primeiro você chega, uma música surpresa começa a tocar e a partir dali você dança de acordo com o ritmo, inventando seus próprios passos, do jeito que você gosta, do jeito que te deixa feliz, se você pensar nas pessoas que estão te vendo você já começou a errar. Aceite a música e escolha os passos, sorria e siga firme até a música acabar. Nada mais que isso.
Na vida é a mesma coisa, se começarmos a nos preocupar com a platéia, acabamos esquecendo nossos espontâneos passos, ficamos presos e limitados, esquecemos totalmente de nós, não fazemos o que queremos e então a música acaba, e por mais que a platéia bata palmas, nosso interior terminou a música triste, com um vazio, insatisfeito, e assim temos que esperar a próxima música para começar tudo de novo. Portanto, esqueça a platéia, dance o que quiser, a música está lançada e já está tocando, o resto depende de você, como você quer dançar?

2 comentários:

  1. Cada dia você me surpreende mais com suas observações...maravilha...Como dizia o prof Raimundo...Queria ter um filho assim,ó...

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  2. Adorei continue escrevendo suas percepcoes,e muito legal,e isso que a yoga nos ensina focar em nosso interior,para contruirmos um exterior melhor.bjs Janice!

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